Política e Espiritismo

Política e espiritismo não se misturam, certo? Errado! É claro que se misturam. Toda a injustiça social que se observa, fruto da incapacidade de governança dos gestores públicos, acaba sendo credenciada como sendo um efeito de uma causa. Se o povo sofre é porque o povo fez sofrer! Isso não é bem assim.

A lei de causa e efeito é justa, está inserida na ordem divina das coisas, mas não podemos esquecer da responsabilidade de cada um de nós, como cidadãos. Não basta ser espírita. É preciso ser cidadão, também. Como espírita, perdoamos, entendemos, compreendemos o sofrimento do semelhante, mas não podemos fechar os olhos para os desmandos que atolaram a nossa sociedade em séculos de atraso.

Não concordo com a observação de que não se deva fazer um controle de natalidade, evitando-se colocar tantas crianças em situação de penúria social, miséria moral, alimentando-se do lixo e vivendo de ações caridosas de populares, a pretexto delas estarem passando por uma necessidade cármica, por um processo de aprendizado ou reparação. Compreender dessa forma e não fazer nada para mudar a situação dos que sofrem as "injustiças" sociais é alimentar uma lógica perserva do amor de Deus.

Deus não nos fez para o sofrimento, para a dor, para a miséria. Sofremos pelos equívocos cometidos no passado. Isso, porém, não impede que outros possam encontrar soluções para minimizar nossas dores. Se fosse assim, para que a ciência avançaria no campo da medicina, encontrando alternativas para evitar as dores físicas nos tratamentos complexos e prolongar a vida física? Para que a engenharia encontraria soluções para o transporte, a moradia e reoganização estrutural, se para aprender precisamos sofrer até as últimas consequências.

Portanto, quando falo em política e espiritismo, refiro-me à capacidade que cada um de nós tem de mudar o nosso destino, não vendendo votos, escolhendo os candidatos pela sua capacidade de fazer agora pelo bem de todos, pelo seu passado ético, por sua postura madura e corajosa diante das injustiças.

Para mim, quando política e espiritismo andarem juntos, misturando-se no objetivo: promover o homem, mesmo que tenham modelos diferentes de atingi-lo, estaremos vivendo a liberdade da consciência política, ética e moral.