sexta-feira, 6 de março de 2009

O Comportamento no Centro Espírita


Este artigo tem a finalidade de refletir o comportamento no Centro Espírita numa perspectiva espírita e psicológica. Sem a intenção de esgotar o assunto reflexões que possam aumentar nosso senso crítico, na esfera do comportamento.

O efeito terapêutico dos ensinamentos espíritas é de estimável valor. Enfatiza a necessidade de reforma íntima, ponto central que remove o sofrimento e propicia a aceleração evolutiva.

A reforma íntima não é unicamente um apelo evangélico de conotações religiosas, é uma proposta científica assentada na lei de ação e reação. A insistência de agir em desacordo com as leis naturais, produz reações equânimes. Portanto, as neuroses e psicoses não são entidades autônomas que atacam os seres humanos como se fossem vítimas indefesas de um mundo cruel, ao contrário, os conflitos têm gênese nas suas próprias atitudes, que elege os instrumentos de evolução: o corpo e o mundo físico, como um fim em si mesmo, apegando-se ao que é fugaz, transitório e ilusório. Conseqüentemente, advém o sofrimento por não conseguir manter em seu poder o que não é de ninguém, mas é útil a todos na medida exata de sua finalidade. Além do que, tal apego, restringe seus potenciais, uma vez que o circunscreve ao objeto de seu interesse. Esse reducionismo existencial, deixa o indivíduo frágil, pois seus pensamentos girando em torno de objetivos egoísticos, produzem matéria mental semelhantes, que serão espargidos no ambiente, incidindo em pessoas encarnadas e desencarnadas afins, voltando ao emissor acrescido de agentes carreado na sua excursão, favorecendo, desse modo a aproximação de pessoas ao seu convívio que comunguem os mesmos interesses.

Conquanto a abrangência com que o Espiritismo trata da problemática humana, nem sempre seus profitentes conseguem dar conta sozinho da resolução de problemas pessoais. Na longa marcha palmilhada, nas múltiplas existências, jaz no subconsciente de cada criatura todas as experiências percorridas, emergindo ao consciente conflitos e bloqueios acionados por estímulos diversos, reclamando reeducação e sublimação. É claro que as virtudes e habilidades também manifestam-se, explícita ou implicitamente, mas não são valorizadas e buscadas no seu devido valor. Somos obstinados em nos atermos no sofrimento.

No Centro Espírita, que mais parece um laboratório de renovação, uma vez que se aprender a praticar o "amai-vos" e "instruí-vos" ensinado pelo Espírito de Verdade, os resultados da renovação pessoal estão na proporção do próprio empenho. Àqueles que estão dispostos à transformação pessoal, dificilmente não lograrão êxito, nem que seja parcial. Apesar dessa possibilidade factível, não podemos esquecer que há comprometimentos que reclamam a ajuda de profissionais da área da saúde. No que tange ao comportamento ou aos aspectos psicológicos, a Psicologia é a resposta pouco valorizada por pessoas que caem no extremismo de acharem que tudo é problema espiritual. Sofrendo às vezes longos períodos, esperando soluções de ordem espiritual, sendo que seu problema pode ser psicológico, reclamando uma psicoterapia. A obsessão e os conflitos pessoais, são oriundos de atitudes discordantes das leis naturais, portanto, é necessário modificar o comportamento desequilibrado que está gerando sofrimentos e facilitando a obsessão. A água fluidificada e o passe não surtirão efeitos, se o indivíduo se debate em conflitos existenciais e de identidade! Isso porque seu pensamento estará circunscrito ao foco do conflito, produzindo matéria mental doentia, que impede toda ajuda externa.

Há casos que só o tratamento espiritual ajuda, outros que só a psicoterapia resolve e outra saída, que precisam de ambos concomitantemente.

Os espíritos não poderão nos ajudar, objetivamente como queremos, a modificar hábitos e atitudes que cultivamos. É no aqui e agora do dia-a-dia em contato com pessoas e o mundo que deveremos adquirir novos valores e modificar padrões de pensamentos e comportamentos doentios! Os benfeitores espirituais respeitam a didática da vida não fazendo em nosso lugar o que é intransferível e de exclusividade nossa executar.

(Dirigente Espírita, Maio/Junho de 1993. Autor: Mário Mas, Psicólogo Clínico)

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