segunda-feira, 24 de maio de 2010

A consciência de Deus em nós

A busca pelo Reino de Deus vem esgotando as energias humanas há séculos. Não porque pareça impossível empreender essa tarefa, mas devido ao resultado dessa empreitada. O que acreditávamos ser o correto, demonstrou o quanto a humanidade errou para entender que os esforços do passado em buscar o Reino Divino apenas nos afastaram a essência do amor do Pai para com todos nós.
Em todas as épocas, os homens buscaram Deus nos sacrifícios extremos da carne, na adoração dos bezerros de ouro, na lei mosaica, nos ensinamentos de Maomé, na idolatria à letra dos fariseus, nas filosofias orientais, no martírio dos cristãos primitivos, na intolerância da idade média, na reforma protestante, no iluminismo, na codificação espírita, nos cultos africanos, no advento das diversas correntes das igrejas salvacionistas, enfim, fora de sua consciência.
Apesar da busca epopéia, a maioria dos seres humanos não se sente pleno de Deus, mesmo com toda prática exterior da fé. Isso se deve ao pouco entendimento sobre o que de fato é o Reino de Deus. Tomé, em seu evangelho gnóstico, é categórico ao afirmar que Jesus teria dito o Reino do Pai está dentro de nós. E apesar de opiniões contrárias declararem que essa expressão do Cristo não é verdadeiro, ninguém pode dizer que não esteja coerente com os ensinamentos do Mestre.

As inúmeras tentativas que o Homem empreendeu para encontrar o Reino de Deus fora da consciência resultaram em aberrações injustificáveis, apesar das explicações dos intolerantes de toda ordem. As perseguições aos cristãos, a intolerância religiosa, as guerras que foram iniciadas sob supostas ordens divinas, nada disso foi capaz de apresentar-nos o Reino de Deus. Com isso, o objetivo de buscar esse Reino fora de si, apenas escravizou o ser humano aos medos e à culpa.

Mas vivemos outros tempos, novas oportunidades para a velha humanidade que deseja renovar-se em atitudes libertadoras. Já fomos à lua, agora falta-nos mergulhar em nossa consciência e encontrar Deus em nós. Atravessamos distâncias siderais e desenvolvemos teorias fabulosas sobre a criação. Resta-nos entender a nos mesmos, vencendo o “homem velho” que ainda mora dentro de nós.
Como avançamos na ciência e na tecnologia, também podemos avançar nos sentimentos, nas relações humanas sem preconceitos, sem intolerância, sem rivalidades. Se a nossa inteligência foi capaz de nos conduzir até aqui, apesar de tantas decisões moralmente equivocadas e revoltantes, a nossa consciência, livre dos atavismos do passado, vai nos mostrar que Deus sempre esteve e estará dentro de nós, com seu Reino interminável de amor.


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3 comentários:

  1. Difícil é tentar alcançar esse Deus dentro de nós sem o auxílio da fé, sem a orientação de uma doutrina coerente com a lei de amor, sem a "escada" que é a filosofia cristã.
    Por isso, Jesus veio à Terra e também por isso Deus nos enviou o Consolador Prometido.
    Foi para facilitar nossa caminhada!

    Abraços.

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  2. Esse texto me fez lembrar uma frase de Sri Aurobindo, salvo engano. "O mundo espera no Homem, assim como a árvore espera em sua semente". A expressão atribuída a Jesus, "o reino de Deus está dentro de nós", ao meu ver, segue no mesmo sentido. No entanto, vejo algumas possibilidades de análise no contexto desses pensamentos. É possível que Jesus, sendo mesmo o autor da citação, tenha se referido à natureza divina do Homem, ou mesmo que a consciência da divindade ou a íntima relação com ela está inata do ser humano. Também é possível que ele tenha querido alertar aos Espíritos encarnados, que estes estão na condição de colaboradores de Deus em sua criação, potencialmente. Que cabem a estes a materialização das premissas do Reino na Terra, a manifestar-se na relação com os recursos naturais aos mecanismos de organização em sociedade.
    Em outra passagem evangélica, também atribuída a Jesus é a expressão "Vós sois deuses". Teria ele, filosoficamente, se referido à natureza divina do Homem ou, sociologicamente, à sua capacidade de operar nas transformações evolucionistas da criação? O pensar tradicional, com suas diversas formas religiosas, talvez ecoando a acomodação humana, ao longo do tempo vem optando por uma abordagem teórica. O pensamento espírita, todavia, esclarecendo-nos acerca das leis que regem o Universo, numa visão ampliada da vida, fortalece a ideia de que somos, na proporção das conquistas já efetuadas nos campos intelectual e moral, todos responsáveis pela vivência do Reino de Deus nesta que é uma de Suas moradas.
    É um tema que nos convida à reflexão. Desafia-nos, na verdade, à intrigante tarefa de fazer desabrochar uma árvore que reflita a complexa e bela divindade que habita em nós.
    Um abraço em todos,
    Jorge

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  3. Fernando Antonio de Barros Lins22 de junho de 2010 às 19:21

    Embora tenhamos todos nós as nossas dificuldades, acredito que, no nosso âmago existe a potencialidade divina. Em pequenos gestos que apresentamos ao próximo e que realçam o amor que o Mestre Jesus nos ensinou, retrata a consciência de Deus em nós. Não somos uma tábula rasa, mas sim seres complexos que aprendem durante a jornada, através dos acertos e dos erros. Necessário o é termos sempre em mente que a consciência divina está continuamente no nosso ser. Se erramos é porque ainda não aprendemos a lição, que deve ser repassada aos porões da nossa consciência no intuito de continuarmos o aprendizado através das escolhas diárias.

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