segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A árvore azul - Capítulo 1 "Jovem e sem destino"

Nasci numa pequena cidade nordestina, recebendo desde cedo os ensinamentos evangélicos, visto que meus pais eram protestantes da Igreja Batista. Cedo, aprendi as verdades cristãs, sendo orientado pelos instrutores infantis da igreja terrena. Meus genitores me levavam aos cultos dominicais, confraternizando-nos com amigos simples e leais.

Meu pai era comerciante, proprietário de pequena loja de miudezas, sendo muito bem quisto pelos fregueses. Minha adorável e querida mãe cuidava dos afazeres domésticos pela manhã e à tarde lecionava numa escola pública municipal. Eu era filho único, nascido do amor de meus pais, que por misericórdia de Deus concederam-me a oportunidade da vida física.

Apesar dos esforços deles, eu, jovem rapaz, comecei a não aceitar os amoráveis conselhos paternos e maternos, esquecendo-me, inclusive, de rezar. Gostava, mesmo muitas vezes inibido e proibido, das festas mundanas, das correrias joviais que a maioria dos meus amigos da minha idade desfrutava.

Mesmo com os conhecimentos evangélicos não compreendia bem a necessidade de não violar os princípios morais que estava recebendo. Sentia-me profundamente atraído pelos desejos do mundo, pelo despertar das necessidades do corpo. Não aceitava a castração mental que meus pais queridos me impunham.

Revoltado, comecei a levar para o meu lar o desequilíbrio. Meu pai não compreendia o meu comportamento. Minha mãe não aceitava minhas ações e palavras. Meu lar, outrora banhado em paz, tolerância, harmonia e amor, agora era o ninho de inúmeras discussões.

Na hora do desjejum meus pais não tinham a minha companhia. No almoço as discussões corriam soltas, patrocinadas pelo meu comportamento infeliz. No Jantar, já não havia clima para a paz.

Deixei de ir aos cultos, trocando-os pelas saídas com estranhas amizades. Isto magoou meus pais, que desgostosos perderam o animo pela vida. Meu pai não tinha mais a mesma vontade para ir ao trabalho, sendo constantemente flagrado em lapso de memória e em divagações sem proveito. Muitas vezes chegou a fechar cedo seu estabelecimento para vagar pelas ruas da cidade, sendo visto, em certas ocasiões, chorando sozinho. Minha mãe, outrora feliz, foi definhando, perdendo o gosto pelos afazeres do lar, que não mais recebia as visitas de alguns amigos.

Eu já estava com dezoito anos e havia passado cinco anos que meu comportamento desajustado invadiu a doce harmonia do meu lar. Meus pais envelheceram de desgosto. Papai, envergonhado com minhas arruaças, contraiu séria úlcera, recebendo constante acompanhamento médico. Mamãe, desapontada e infeliz por minha causa, se afastou da igreja, sofrendo sérias dores de cabeça, que os médicos da terra não curavam.

Nessa época, eu ainda morava com meus pais, mas há mais de dois anos estava envolvido com vícios atrozes. Chegava em casa nos braços dos colegas, entre gargalhadas sarcásticas, choros desesperados e vômitos terríveis. Assim passei meus últimos anos em meu lar, levando dor aos meus pais.

Um comentário:

  1. Mt bom!
    Adorei a iniciativa. Irei acompanhar com expectativa a historia de nosso amigo Luis Felipe!
    Abraços

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